terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Capítulo onze – Um novo caminho

Depois do nosso reencontro, as coisas se tornaram um pouco embaraçosas, não sabia o que dizer nem como agir com Isabelle, ela voltara a ser a criança de sempre depois do baile.

Por alguns dias, caminhamos de mãos dadas sem pronunciarmos nem ao menos uma palavra um ao outro, em muitos momentos Isabelle me olhava como quem queria dizer algo, mas logo voltava a olhar para frente e caminhar e o mesmo acontecia comigo.

Já sabia de meus sentimentos por ela, mas Isabelle ainda era uma criança, uma menina de olhos curiosos, não era tempo disso acontecer também a ela, então resolvi deixar meu pensar de lado e continuar a jornada, pois estavamos ali por um motivo, encontrar uma saida que a levasse de volta a sua casa.

Porém, mesmo que quisesse pensar nisso, agora eu não poderia. Comecei a sentir o chão a tremer, e pelo olhar de Isabelle ela também havia sentido.

Comecei a procurar a minha volta o que poderia estar acontecendo. Isabelle segurou minha mão com mais força, me desvensilhei dela, pedi que se escondesse, pois não sabia o perigo daquilo tudo. Depois de algum tempo andando encontrei de onde vinham os chacoalhões da terra.

Tentei por um tempo entender o que seria aquilo, mas não consegui, parecia um tipo de ritual, homens e mulheres dançavam em torno de uma fogueira, e de tempos em tempos eles pulavam e batiam cajados no chão, em uma sincronia tão grande que chegava a abalar as estruturas do solo causando os tremores, eles cantavam e dançavam com tanta dedicação que não repararam que eu estava ali os observando, e eu entretido também, quase petrificado não percebi que Isabelle havia saido de seu esconderijo e que agora se encontrava atras de mim e observando tudo.

Se eu não estivesse tão paralisado com o que via talvez pudesse ter feito algo. Quando a cantoria parou Isabelle se levantou e foi até a roda, e tudo recomeçou, eu não entendia o que ela fazia ali, mas mais uma vez ela parecia compreender tudo, saber mais do que eu, quando acordei do transe estava sentado em uma cadeira e participando de um encantamento, Isabelle estava sentada de frente para mim, e as pessoas diziam coisas que eu não conseguia entender.

Um homem alto proferia as palavras enquanto as outras pessoas estavam de mãos dadas em circulo em volta de nossas cadeiras, minha menina parecia desmaiada, sua cabeça pendia para o lado, seu rosto de criança, ela estava imovel, e eu não sabia o que havia acontecido.

Quando ela despertou, uma brisa um pouco mais forte começou a soprar, portas começaram a bater, as árvores assobiavam, mas por mais que eu pensasse nós estavamos em um campo aberto, sem árvores, ou casas ou sejá lá o que pudesse fazer barulho.

E a nossa frente surgiu um espectro que começou a tomar forma, o que eram aqueles seres a nossa volta? Eles que estavam invocando aquilo que surgia a nossa frente? Eram tantas as perguntas, mas parecia que em instantes tudo seria de alguma forma respondido.

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