segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Capítulo três - O primeiro dia no mundo dos sonhos

Ela olhava tudo fascinada, parecia ignorar a presença minha e de meu Mestre, começou a andar pelo castelo, tocava as paredes e os móveis, andava pelos corredores como se soubesse o que se escondia atras de cada porta, e ela realmente sabia, ela lembrava de já ter visto tudo aquilo em sonhos.

Ela segui sempre em frente, em busca de algo, meu Mestre a seguia com um sorriso. Subiu as escadas sem olhar nem mesmo uma vez para trás, parecia já esperar que tudo aquilo acontecesse. Entrou por uma porta, aquela que Ele jamais deixou que alguém entrasse, ela entrou e fechou a porta.

Eu olhava tudo aquilo sem entender nada. Só neste momento eu reparei que Ele estava vestido com uma roupa nova. Nunca o virá com outra roupa. Ele agora estava vestido com um sobretudo negro detalhado em vermelho e purpura.

Depois de alguns instantes a menina saiu. Aquele devia ser um quarto, o quarto dela.
Ela adentrou-o para se trocar, parecia outra pessoa agora que não estava mais de pijama. Estava usando um vestido com uma longa saia rodada, era de um tom de antigüidade, cheio de fitas vermelhas, seu cabelo estava preso em trança por fitas brancas. Não aparentava mais ter seus quinze anos, agora era uma mulher.

Seu domínio no Sonhar era assustador, ela simplesmente sabia que podia modificar sua aparência, sua idade, conforme suas vontades. Uma voz rouca e tremida soou:
- Seja bem vinda princesa Isabelle.

Os olhos azuis dela penetravam o intimo de Morpheus, ela tinha coragem de o encarar de frente, quem a visse agora em silêncio jamais acreditaria que aquela era a mesma menina que a pouco acordara em um mundo diferente.

Princesa? Porque este titulo? Mesmo sem entender bem o porquê eu me curvei aos pés dela e repeti as palavras do mestre. Elas sorriu e fez sinal para que eu me levantasse.

Antes que alguém dissesse algo a voz ainda infantil disse, quase que em suplica que estava com fome, naquele momento foi como se a imagem de mulher se apagasse e novamente urgisse uma doce criança.

O Mestre a levou até a sala de jantar, e antes que ele pedisse eu já providenciei o café da manhã, os dois sentaram-se a mesa, enquanto ela comia Ele a fitava, não deixava fugir nem ao menos um detalhe. Ambos se mantiveram calados, talvez porque não soubessem o que dizer, ou mesmo por não terem nada a dizer.

Mas era como se travassem uma longa conversa através de pensamentos, eles pareciam ler nos olhos tudo que se passava pela cabeça, qualquer pessoa comum que os visse neste instante temeria passar por perto por medo de ter seus pensamentos descobertos.

Após o café da manhã os dois saíram para um passeio matinal, pausando para o almoço e continuando após ele. Durante todo este tempo mais uma vez nenhuma palavra foi proferida.
Quando começou a anoitecer Isabelle foi se agitando, ainda não sabíamos quais seriam os efeitos da maquina sobre o corpo dela, mas meu Mestre não parecia estar preocupado, a única coisa que parecia passar por sua cabeça era Isabelle.

E assim se passou o primeiro dia, um dia calado e que influenciaria muito dali para adiante.

2 comentários: