domingo, 10 de janeiro de 2010

Capítulo nove - A tecedeira do Sonhar

Depois de algumas horas olhando a senhora ela se levantou, foi até uma salinha, voltou, pegou o vestido, e andou em nossa direção. Entregou o vestido nas mãos de Isabelle e a mandou experimentar o vestido.

Agora que ela levantara não parecia mais uma senhora, ela tirara os óculos e prendera seus longos cabelos brancos. Tinha a altura de uma criança, seus olhos eram grandes, um era azul vibrante e o outro era verde escuro.

Usava uma roupa inteira desfiada, mas parecia ser apenas o gosto dela, e não uma roupa destruída, conforme a luz batia o tecido da roupa dela parecia mudar de cor.

Isabelle voltou para mostrar o vestido, ele ficara lindo, servira de forma assustadora, como aquela senhora conseguiu fazer aquele vestido do tamanho exato? E porque o havia feito? Muitas perguntas pairavam em minha mente, mas eu não conseguia pronunciar nem ao menos uma única palavra.

Antes que falássemos qualquer coisa a senhora subiu por uma escada que eu não havia reparado, ela ficava no canto da sala, a fumaça colorida a camuflava.

Por fora a casa só mostrava ter um andar, parecia muito pequena e apertada mas era muito grande por dentro, seu espaço era todo tomado pela fumaça e por muitos tecidos, chapéus, colares, máscaras todos pendurados nas paredes.

Muitas maquinas de costura estavam espalhadas, mas pareciam não serem usadas a anos pois estavam empoeiradas e cheias de teias de aranhas. Quando a senhora voltou trazia nas mãos duas máscaras.

Uma era preta e possuía desenhos desformes em dourado, esta ela me entregou. A outra era purpura e cor de rosa, tinha o formato de uma borboleta, as asas brilhavam em muitos tons de violeta, esta ela entregou a Isabelle, a máscara combinava com perfeição ao vestido.

Assim que colocamos as máscaras a senhora começou a falar com uma voz astral:

- É um prazer ver uma das minhas criações sendo usada por uma criadora do sonhar.

- Qual o seu nome? - Perguntou timidamente Isabelle.

- Sou Vertana, a tecedora. Cruzei as fronteiras de Neoxion a muitos anos, e descobri que não possuía motivos suficientes para conseguir sair, e acabei ficando preza aqui. E como vivente fixa me adaptei da melhor forma, fazendo o que de melhor eu ei fazer. Tecendo.

- Como sabia que viríamos aqui? - Hesitou Isabelle.

- Eu simplesmente sabia, e antes que saiam tenho algo muito importante a dizer para vocês. Mas antes gostaria que me fizessem companhia em um delicioso chá com biscoitos.- Assim que ela disse estas palavras uma campainha soou.- Vejam, eles ficaram prontos. Sentem-se. – Enquanto falava ela tocava nas fumaças e ia tecendo um belo sofá.

Depois que Vertana saiu para buscar o chá Isabelle se aproximou do sofá e o tocou. Da cozinha veio uma voz:

- Sentem-se o sofá é firme. Não tenham medo.

Nos sentamos. Vertana voltou com uma grande bandeja, desproporcional a seu tamanho, equilibrada em apenas uma mão.

- Eu sempre esqueço da mesa.- Ao dizer isso com a mão livre tocou a fumaça formando uma mesa na qual apoiou a bandeja.- Sirvam-se!

As xícaras eram grandes e tinham forma de flores em botões semi abertos. O chá possuía uma cor rosa claro. Os biscoitos eram pequenos e em forma de estrelas, eles brilhavam prateado e soltavam fumaça por ainda estarem quentes. O gosto de tudo era ótimo, mas não se parecia com nada que eu já houvesse provado.

Enquanto comíamos Vertana começou a falar sentada em sua cadeira de balanço. Sua voz soava como uma profecia:

- Há algo que vocês crianças esqueceram. Para sair desse local precisam lembrar de tudo. Não posso ajuda-los quanto a isto. Uma coisa que não dizem quando entramos em Nioxion é que algo sempre nos é tomado e só conseguimos sair quando recuperamos esta coisa. Não se deixem entregar a cidade noturna, vocês tem um longo caminho pela frente, e se não o completarem algo muito ruim pode acontecer.

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