sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Capítulo sete - Em busca de uma saída

O sol começa a se por, a luz da lua não penetrava a neblina, a escuridão se tornava cada vez mais densa. Eu não falava nada, calados. Nós somente andávamos juntos.

Ela ainda estava muito assustada com o que havia ocorrido a pouco, fora a primeira parte negra do Sonhar que Isabelle conheceu.

Quando o sol finalmente se foi começaram os barulhos da noite, nós não sabíamos onde estávamos, nem o que se encontrava ao nosso redor. A única coisa que sentíamos eram nossas mãos dadas para não nos desencontrarmos.

Já não sabia mais a direção que deveríamos seguir, mesmo que voasse para ver as coisas do alto não conseguia definir onde estávamos, só sabia que continuávamos entre as neblinas.

Mesmo sem saber para que lado ir não adiantaria esperar que o sol surgisse para continuarmos a caminhada, seria muito arriscado dormir naquele lugar, mesmo que Isabelle precisasse. Ao menos ela não sentia sono se não deitasse.

Continuamos a caminhar, na verdade não caminhávamos, flutuávamos a uma pequena altura do solo, para não corrermos tanto risco de tropeçar em algo que pudesse ser perigoso.

Isabelle aprendeu fácil a flutuar, mas íamos devagar para caso nos chocássemos com algo, afinal não enxergávamos nada, não fizéssemos barulho ou nos machucássemos.

Por causa da escuridão eu já não conseguia definir as horas que haviam se passado desde o pôr-do-sol.

Depois de algo que me parecia muito tempo começamos a ouvir conversas a nossa frente, não conseguia entender o que falavam pois as vozes eram muitas, parecia estar acontecendo uma festa. Fomos mais rapidamente para tentarmos encontrar as pessoas.

As vozes eram cada vez mais altas e mais nítidas, ao fundo ouvíasse música, aquilo realmente só poderia ser uma festa, e parecia estar muito animada. Voltamos a encostar nossos pés no chão e depois de alguns passos foi como se tivéssemos atravessado uma barreira mágica, onde a neblina se dissipava completamente, olhando para traz continuávamos sem ver o local do qual vínhamos, tudo era apenas uma grande escuridão.

A nossa frente víamos uma cidade, ela parecia ser grandiosa, se encontrava totalmente envolta nas neblinas, mas estas não ultrapassavam as tais barreiras mágicas.

Ainda parecia ser noite, não era possível ver as estrelas e nem mesmo a lua no céu, a única coisa visível era a escuridão.

O rosto de Isabelle parecia brilhar com a alegria de ter saído do meio daquele grande nada, mas eu ainda estava preocupado com tudo aquilo, não conhecia aquela cidade, e muito menos seus habitantes, não sabia se nos receberiam de forma agradável.

Tinha medo de estarmos mais uma vez dentro de um pesadelo disfarçado de um belo sonho, assim como as flores de outrora.

A cidade era linda, possuía grandes prédios, todos iluminados com cores vivas e piscantes. As casas também estavam iluminadas, todas aquelas luzes eram atraentes aos olhos de Isabelle, ela parecia estar gostando cada vez mais de olhar.

Ainda não havia avistado nenhum habitante daquela cidade. Mesmo com todos aqueles sons não conseguíamos ver ninguém, parecia ser uma cidade fantasma, continuamos a caminhar em direção a cidade.

Quando estávamos bem próximos uma linha dourada se fez no chão. Uma voz retumbante que parecia vir de toda parte disse de forma imperiosa e sem um mínimo de piedade:

- Visitantes sempre serão bem vindos em Neoxion, a cidade noturna, desde que dentro de si tragam um desejo real, um motivo para entrarem e também um motivo para saírem. Se não o tiverem e atravessarem as barreiras douradas se tornaram prisioneiros eternos de Neoxion. Se estiverem preparados podem passar. Se tiverem duvidas aconselho que dêem a volta e não cruzem jamais esta linha.

Depois que a voz cessou eu olhei para Isabelle, ela demonstrava certeza e resolução em querer cruzar aquele reino.

E assim entramos. Fechamos os olhos e mais uma vez nos demos as mãos, tentando mostrar toda a nossa determinação cruzamos a linha dourada.

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