quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Capítulo seis - Onde as nuvens tocam o solo

Depois de algumas horas da partida eles chegaram aos limites das terras geladas. Assim que Isabelle desceu do trenó este se incorporou novamente as neves. Zeardi deu uma lambida na mão da princesa como uma forma de carinho, ela agradeceu acariciando seus pêlos. Naquele local já quase não havia neve, o urso se virou e a princesa ficou olhando ele partir e ouvindo o barulho dos guizos que ele usava no pescoço se afastar. Quando seus olhos já não conseguiam distinguir o branco de Zeardi no branco da neve ela se virou e continuou seu caminho.

Isabelle não conseguia ver muito a frente por mais que forçasse sua vista, a neblina ia se espessando conforme ela andava. Ela ia tropeçando, pois não conseguia nem ao menos ver o solo.
Um riso muito suave se ouviu, o riso parecia se aproximar e se afastar de uma forma estranha, era um riso agudo e perturbante, chegava a ser irritante e não parava, depois de mais um tempo de caminhar Isabelle já não agüentava mais e gritou:

- Chega! Quem está rindo? Venha, apareça ou suma de uma vez, eu já não agüento mais.

O riso parou, agora Isabelle começou a ouvir um choro, mas este choro não parecia ir e voltar, ele parecia vir de apenas um local, um local mais a frente. A princesa ficou sentida e começou a procurar de onde vinha o choro, ela queria consolar a criatura. Depois de mais algum tempo andando Isabelle tropeçou e desta vez não conseguiu se equilibrar, caindo ao chão. Logo que isto aconteceu uma luzinha se acendeu, ela vinha de cima de um arbusto, o choro cessou, era como se as flores do arbusto estivessem se iluminando, Isabelle se sentou e ficou olhando ao seu redor, agora as flores das outras árvores e mesmo as do chão se acenderam. O riso começou mais uma vez. A neblina começou a ceder, ficava claro que os risos vinham daquelas flores iluminadas. Em um momento as flores se desprenderam de seus locais e começaram a voar, borboleteando pelo ar, pareciam dançar, colorindo o ar.

Os risos se transformavam vagarosamente em uma canção, aqueles pequenos seres eram lindos, eu, mesmo morando no Sonhar, nunca tinha visto, nunca havia parado dentro das nuvens, era a primeira vez que conhecia as maravilhas das terras das neblinas.

Assim como eu, Isabelle estava maravilhada, realmente o Sonhar era um reino muito vasto e diversificado. Agora mais do que nunca eu estava dedicado a seguir a princesa, para desta forma ir até os limites do Sonhar.

Eu já começava a me esquecer de meu Senhor Morpheus e não pensava mais na forma de levar Isabelle de volta para o castelo. Eu pensava em como fazer para me aproximar dela. Queria continuar a caminhar junto a ela, mesmo sabendo que esta caminhada nos levaria para um momento de separação, não sabia ao certo como ela conseguiria fazer para voltar para o mundo mortal, mas eu estaria ao seu lado, de longe ou de perto.

Isabelle estava sendo levada a dançar entre as flores, ela rodopiava de forma sublime, ela começava a flutuar, as flores estavam levando ela cada vez mais para o alto, a canção se tornava mais agitada, mais forte, a dança começava a ser mais rápida.

Por um instante eu nada entendi, mas por sorte logo voltei a consciência, aquilo tudo era uma brincadeira maldosa, antes que eu conseguisse dizer qualquer coisa a música parou e as flores, juntas a menina, começaram a se precipitar, dava a impressão de uma verdadeira chuva de flores.

Eu voei o mais rápido que pude e consegui salvar Isabelle antes que ela se chocasse com o chão, creio que seu corpo não teria resistido. Eu não tinha mais motivos para me preocupar em como chegar perto dela agora.

Assim que as flores acabaram com sua chuva se apagaram e a neblina voltou a imperar naquele reino.

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